A era do pós-modernismo na literatura foi marcada pelo surgimento de novos termos e conceitos. Uma das chaves foi o simulacro, cujo conceito foi desenvolvido por pensadores como Georges Bataille, Jean Baudrillard e Gilles Deleuze. Este conceito é uma das chaves da teoria pós-moderna.
Definição de
Se você responder à pergunta "O que é um simulacro?" em palavras simples, é uma cópia de algo que não possui o original. Além disso, esse conceito pode ser caracterizado como um sinal que não possui um objeto designado. Explicando o conceito de simulacro em russo, costuma-se dizer que é "uma semelhança de uma semelhança" ou uma "cópia de uma cópia". Este conceito em si surgiu há muito tempo - mesmo na antiguidade. Com o tempo, muitos filósofos se voltaram para ele, mudando ou aumentando seu significado.
História do termo: antiguidade
Este conceito foi introduzido pelo filósofo grego antigo Platão. Para ele, um simulacro significava simplesmente uma imagem ou reprodução: uma imagem, desenho, recontagem.
Lucrécio também usou o termo, com essa palavra traduziu o conceito de eicon (similaridade, mapeamento), introduzido por Epicuro. Para esses dois pensadores, esse é um elemento imperceptível que emana do corpo. Lucrécio acreditava que existem três tipos de simulacros: aparecendo de profundidade a superfície, vindos da superfície e visíveis apenas à luz, fantasias criadas por visões.
Idade Média
Nos escritos teológicos desta época, diz-se que o homem - imagem e semelhança de Deus - como resultado da queda, torna-se apenas um caminho, de fato um simulacro. Os ícones também foram percebidos como imagens de Deus; no entanto, houve uma polêmica sobre esse assunto: alguém percebeu uma atitude em relação ao ícone como idolatria (Eusébio de Cesareia) e alguém defendeu a pintura de ícones (João de Damasco).
Nova hora
O pensamento filosófico desta época visava ao conhecimento da realidade e a livrar-se de tudo que interferisse nesse conhecimento. Segundo Francis Bacon, esse obstáculo eram os chamados ídolos, que uma pessoa criou ou assimilou (por exemplo, teatro, clã, cidade). Um ídolo é um fantasma, um erro da mente.
Thomas Hobbes os conecta com o trabalho da imaginação e com os sonhos. Nos tempos modernos, a doutrina das imagens e dos ídolos também foi desenvolvida por figuras de pensamento como H. Wolf, A. Baumgarten.
O famoso filósofo da Nova Era Immanuel Kant também teve sua própria posição. Ele negou a ficção, não confirmada pela experiência, mas ao mesmo tempo reconheceu o papel significativo da imaginação no trabalho da mente.
A era do pós-modernismo
Na França, os filósofos Alexander Kozhev, Gilles Deleuze, Pierre Klossovsky e Georges Bataille também desenvolveram ativamente o conceito de simulacro. Na interpretação de Bataille, este é o resultado da exibição em uma obra de arte, a palavra "mística", experiência de vida soberana.
Deleuze procurou derrubar a teoria de Platão, na qual, ele acreditava, o simulacro é simplesmente um modelo errôneo. Um simulacro, no entendimento de Deleuze, é uma cópia malsucedida, dando origem à ilusão de similaridade. Isso contradiz a imagem e é identificado com elementos de natureza estranha. O filósofo chamou esse fenômeno de "o triunfo de um falso desafiante". Um simulacro em si pode produzir suas próprias cópias e levar a uma imitação da realidade, criando hiperrealidade.
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Filósofos do pós-modernismo se voltaram para esse termo para mostrar que arte e criatividade são a criação de imagens que expressam o estado mental de uma pessoa, que está longe de ser semelhante à realidade.
Um novo significado foi dado ao termo por Jean Baudrillard, que também o aplicou à realidade social.
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O que é o simulacro de Baudrillard?
O filósofo acreditava que esse termo pode ser chamado de fenômeno sociocultural, que se torna ambíguo e não genuíno. O filósofo transfere a definição das categorias ontológica e semiótica para a realidade real. Ele tentou explicar o simulacro com o resultado do processo de simulação - o surgimento de um fenômeno hiper-real com a ajuda de modelos reais que não têm “suas próprias fontes e realidade”. Sua propriedade é a capacidade de ocultar a falta de realidade: por exemplo, o estado é um simulacro de poder e a oposição é um protesto.
Semelhanças e diferenças na definição de Deleuze e Baudrillard
Ambos pensavam que o mundo moderno está cheio de simulacros, o que nos impede de ver a realidade. Embora os filósofos confiassem no termo que Platão introduziu, eles defendiam a chamada "derrubada do platonismo". Ambos também notaram a serialidade da reprodução dos simulacros.
A diferença fundamental na compreensão do que era um simulacro para esses dois filósofos era que, para Deleuze, era um conceito exclusivamente teórico, enquanto Baudrillard via a aplicação prática do termo na vida sociocultural da sociedade. Os filósofos também têm significados diferentes dos conceitos de "imitação" e "simulação": para Deleuze, esses são conceitos fundamentalmente opostos, e Baudrillard os conecta, chamando a imitação de o primeiro estágio da simulação. Baudrillard também vê o desenvolvimento de simulacros, destacando três estágios, dependendo da época histórica. Para outro filósofo, o simulacro é estático. Outra diferença fundamental na relação do simulacro com a verdade: em Deleuze, ele nega, em Baudrillard, substitui-o. Quanto ao movimento do simulacro, as opiniões também diferem: Baudrillard acredita que o simulacro se move e se desenvolve linearmente na história, Deleuze - que é cíclico, sempre retorna ao ponto de partida do desenvolvimento.
Quatro estágios do desenvolvimento da imagem de Baudrillard
A simulação, segundo o filósofo, é o estágio final da evolução da imagem. No total, Baudrillard distingue quatro estágios:
- Cópia básica da realidade. Isso pode incluir, por exemplo, fotografia ou gravação de vídeo.
- Distorção e mudança de realidade, por exemplo, um resumo de um candidato a emprego.
- Fingindo a realidade e escondendo sua ausência. Um símbolo que oculta a ausência do que simboliza.
- Cessação de todos os laços com a realidade. A transição de um sinal da categoria de significado para a categoria de simulação apela ao simulacro. Se, no estágio anterior, sua função é esconder a falta de realidade, então agora isso não é necessário. O sinal não esconde a ausência do original.
Três ordens do simulacro de Baudrillard
Cada época tinha seu próprio tipo de cópia. Eles mudaram de acordo com uma mudança na lei dos valores.
- Falso é um tipo de simulacro que existia desde o início do Renascimento até a Revolução Industrial.
- A produção é a espécie predominante durante a era industrial.
- A simulação é a principal forma da realidade moderna.
O primeiro tipo de simulacro depende das leis naturais do valor, o segundo do valor de mercado e o terceiro das leis estruturais do valor.
"Não houve guerra no golfo"
Este trabalho é uma coleção de três pequenos ensaios de Jean Baudrillard, que ilustram muito claramente sua compreensão do conceito de simulacro. Nos títulos da obra, o filósofo se refere à peça "Não houve guerra de Troia", de Jean Giraud ("Não haverá guerra no Golfo", "Existe realmente uma guerra no Golfo", "Não houve guerra no Golfo").
O autor se refere à Guerra do Golfo. Ele afirma que esse evento não foi uma guerra, pois tropas americanas bem armadas dificilmente atacaram o Irã. Quase nada se sabe sobre as vítimas da América em guerra. As pessoas aprenderam sobre os combates da mídia, o que não deixou claro quais eventos aconteceram na realidade e quais eram distorcidos, exagerados, estilizados.
A idéia principal desta coleção é mostrar às pessoas como a mídia moderna substitui a realidade. A capacidade de falar sobre um incidente em tempo real torna a história mais significativa e importante do que o próprio evento.